segunda-feira, 29 de abril de 2013

Ensaios sobre o futuro.

            Qualquer ser humano que for um pouco observador está vendo como anda o nosso tempo, nossa sociedade, nossa vida e nossa realidade. Desde que nos tornamos homens urbanos, viemos lutando por evolução. Queríamos evoluir em todos os aspectos da vida: econômico, cultural, social,  intelectual, religioso e físico (aparência). E claro, como somos providos de inteligencia e capacidade de criar objetos/leis para atender nossa necessidade de evoluir, inventamos meios de conseguir suprir os já citados acima.
          Para evoluirmos economicamente, inventamos o capitalismo, um sistema econômico que movimenta tudo e todos pelo capital, onde tudo que se quer ter (comprar) ou tudo que precisamos de fato ter (sobreviver) só nos será "dado" se tivermos em mãos outro invento nosso (o mais sagrado dos inventos atualmente), o dinheiro, ou seja, se tivermos este, tudo que pretendermos possuir estará ao nosso alcance. Perfeito não? Não, o fato é que este capitalismo não foi criado em conjunto-coletivamente como um sistema que atendesse a todos igualmente, ele foi criado por uma minoria ansiosa em possuir riquezas e nem um pouco preocupada no bem-estar coletivo. É certo que a sociedade ao perceber as verdadeiras intenções dos capitalistas, tentou lutar contra, tentou se opor, mas a minoria já era forte o bastante para contê-los, a contaminação do capital foi rápida  e a forma de contagio foi a cultura.
               A cultura em si, não se pode definir ao todo como invenção humana pois, ela é inerente ao homem e ao mesmo tempo é exterior a ele. E porque a cultura foi o meio contagiante do capitalismo? Porque quer queira ou não, é a cultura que molda os valores, que define os padrões e que faz o homem agir de acordo com o seu tempo cultural de uma maneira ou de outra. Assim, quando resolveram inventar o capitalismo, veio com ele também, valores e padrões capitalistas que moldaram o homem a agir como tal. Dai, para continuarmos a evoluir, produzimos mais cultura...cultura capitalista, transformando a nós mesmos. E quando  alguns caíram em si, do mal que nos fazíamos, era um pouco tarde. A sociedade já se corrompera.
             A sociedade estava caminhando para evolução, junto com a economia e a cultura. Mas, alguns aspectos sociais foram dando errado (de maneira que já não podíamos mais defini-la totalmente como evoluída): a violência  a guerra e a concorrência antes vista somente por causa de conquistas territoriais ou afins, tornou-se cotidiana, as pessoas sociais já não se entendiam, viviam correndo atrás de dinheiro, brigando ou matando por ele, a ideologia do "cada um por si" estava petrificada e fortalecida na mente e na vida da sociedade e quase ninguém mais era solidário ou prestativo, a sociedade se fazia individual, deixava de ser uma comunidade coletiva e tornava-se individualista. Tanto que as pessoas que a compunham, referiam-se a sociedade não mais em 1ª pessoa do plural, mas como algo diferente, exterior a nós, tratávamos-na em 3ª pessoa do singular. 
              Foi ai que evoluímos intelectualmente, aliais, alguns intelectuais evoluíram e  começaram a trabalhar para tentar abrir os olhos das pessoas, para tentar conduzi-las ao verdadeiro progresso: a igualdade entre os povos. Porem, a economia esmagadora, a cultura do consumo e a sociedade individualista já não deixava as pessoas enxergarem. Parece até que estava feliz com os resultados que obtivera: a miséria, a fome, a violência, o egoismo e  a desumanidade. Entretanto, a religião(não especifica ) continua a lembrar os valores espirituais dos homens, mas as pessoas já não querem mais ouvi-la, julgam-na como uma manipuladora de mentes e reclamam por liberdade de pensamento. 
             A religião evolui, deixa de ser produtora de ideologias, mas as pessoas não são libertas, nasce outro poder que as controlam até mais, sem eles nem se quer perceber, sem poder questionar como fizeram com a religião: nasce a mídia. E sabe o porquê das pessoas não a questionarem ? Porque a mídia une-se a cultura e a economia e promove um espetáculo de sensacionalismos e felicidade social, a mídia copia o retrato da sociedade, ela copia as nossas vidas, ela nos vê, ela nos observa e depois recopia nossa imagem e nos repassa, mas ela repassa com alterações, com intenções, direcionadas a nos manipular, a nos moldar e a não nos fazer pensar.
             E ai, diante da economia que te dá direitos ilimitados (se você tiver dinheiro),da cultura capitalista, da sociedade individualista, de intelectuais silenciados, da religião sempre questionada e da mídia manipuladora, você tem que se assumir como um humano diferenciado. Você tem que evoluir. Agora é a nossa vez de evoluir, precisaremos nos vestir melhor, ter um corpo sempre jovial, ter aparelhos eletrônicos, ter automóveis  andar em "festas chics", ter dinheiro no bolso, ter a melhor casa. Ter...ter...ter...ter. Você precisa ter, esbanjar tudo isso. Para quê? Para ser o diferente, o individuo social da atualidade, o bem-sucedido, engraçado é ver as pessoas viverem em prol dessa vida de aparências  estabelecida pelo meio contagioso da cultura que vem do capitalismo, impulsionado pela mídia que tenta te individualizar a ser o cara que tem (único), mas elas não se dão conta da igualdade física humana de todos.
           Assim, dessa maneira, nós estamos "evoluindo", caminhando sempre para frente, rumando para horizontes jamais vistos ou pensados, o futuro. Resta-nos a pergunta: será que este tal futuro de fato, vai ser melhor que o presente? Ou o que vemos hoje será lembrado amanhã como um tempo em que tivemos a chance de mudar e não mudamos ?


                                                                                                               Por: Angerlânia Barros

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